sábado, 5 de setembro de 2009

Som na Caixa!

Quando morrer, quero passar a eternidade na Virgin Megastore. Uma loja lotada de discos é a imagem do Paraíso pra mim. Ou melhor, era. Até elas começarem a falir. Adoro música. Sempre gostei. Sou da época em que CD se chamava long-play e tocava 33, 45 ou 78 rotações por minuto. Isso se a memória não me trai e esses números estão completamente errados. Sou do tempo da vitrola hi-fi e do som estereofônico. Tive aqueles disquinhos coloridos quando era garoto, mas vamos deixar esse mico de lado.

Onde quero chegar? Na tal crise da indústria de discos. Falo como consumidor. Sou do tipo que gosta de ter o CD com capa, encarte, tudo direitinho. iPod só comprei há pouco tempo. Estou botando meus discos lá. Nada de LimeWire. E ainda me dou ao trabalho de copiar as capas. Quer dizer, tenho iPod pra poder carregar meus discos comigo. Não abro mão deles e me preocupam as tentativas das gravadoras de achar uma nova forma de vender música. Estive em Nova York quando a Tower Records queimava seus estoques para cerrar as portas de vez. Foi triste. Saí da loja abalado, sem conseguir comprar nada. Para sobreviver, as lojas menores vendem músicas para você gravar direto no MP3. O disco está lá na estante pros velhos como eu.

Quando apareceram as primeiras máquinas de foto digital, não reagi tanto. Aqui em casa temos pilhas de fotos em caixas de papelão. Fazem parte daquele tipo de coisa que a gente guarda no fundo de um armário e que só de pensar em procurar já dá um cansaço. Minhas fotos digitais eu vejo e revejo com muito mais freqüência na tela do computador. Já transferi algumas para o iPod também. Mas com música é diferente. Minhas filhas não têm esse apego que tenho ao CD. São dessa geração que compra uma música e se dá por satisfeita. Para que perder tempo ouvindo um disco inteiro se você pode comprar a melhor faixa da banda? Eles têm lá suas razões. Mas eu sou apegado. (...)

Agora que todos dizem que o CD está com os dias contados, eu, que ainda guardo meus LPs, conclamo a todos que resistam. Cavaremos trincheiras de onde resistiremos a esse avanço cruel do progresso “que ergue e destrói coisas belas”! (Tenho isso num LP.). Os mais conservadores irão dizer que já comprei um iPod, que já me adaptei à câmera digital, que os traí. Têm lá suas razões. Mas quando essa tsunami passar e as águas baixarem, vocês vão me achar agarrado aos meus velhos CDs e LPs, de onde jamais arredarei pé.