bastasse
fizesse
quisesse
amasse
Os verbos do pretérito
imperfeito
são verbos doces e mansos
Colocam à distância o passado.
Não tão perto que ainda doa
nem tão longe que se esqueça.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Conchas
Todos os amores são conchas vazias, todos os corações um dia são partidos. Mas quando a gente encontra alguém pra deitar do nosso lado e contar estrelas com a gente, é como se uma pérola só nossa brotasse dentro da concha e fizesse a gente esquecer o escuro e a solidão. Eu sei que você tem medo e eu também tenho, mas a vida veio pra ser vivida e, se um dia roubarem a sua pérola tenha apenas uma certeza: você não vai morrer. E quando menos esperar outra pérola nasce. O nosso amor é burro, mas é bom. Quem escolhe se esconder dele por segurança não se machuca, é fato.
Mas também nunca conta estrelas de madrugada e nem, no final da vida, tem um colar de lembranças para contar.
Mas também nunca conta estrelas de madrugada e nem, no final da vida, tem um colar de lembranças para contar.
A Tal Solidão
Tenho uma particularidade instigante: preciso da solidão. Gosto de pessoas, preciso delas, não sei viver sozinha. Mas sou mimada, preciso quando eu quero. Sou egoísta, gosto de ver televisão sozinha, sem ninguém falando junto. Sou chata, não gosto de dividir banheiro com ninguém. Sou espaçosa, bagunço as minhas coisas. Preciso da solidão pra ler, pra olhar para o teto, pra tirar ponta dupla do cabelo, pra fazer as unhas, pra pensar em tudo, pra fazer nada. Preciso da solidão pra ser eu mesma. Pra fazer alongamento, rir de mim, chorar comigo. Não entendo como tem gente que não abre a janela em dias nublados. Eu adoro janelas abertas, esteja um dia lindo de sol ou um carregamento de nuvens cinzas. Tenho que sentir o ar que vem lá de fora, seja ele qual for. Com seu gosto, cheiro, textura. Falo algumas coisas esquisitas como essa, por exemplo, ar com textura. Conheço cores que ninguém conhece, vejo alguns filmes que grande parte da população acha tosco. Não gosto de deixar as coisas pela metade, mas já deixei…
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Solidão É Uma Roupa Confortável
Se a solidão é inevitável, o melhor a fazer é relaxar e usufruí-la. Pra que ficar remando contra a maré? Além do mais, quem decretou que a melhor forma de viver é de mãos dadas com alguém pela estrada a fora? Do jeito que as coisas andam, parece que estar sozinho é ser portador de um defeito grave. Grave e contagioso.
Eu sou destas mulheres que você já cansou de ver por aí no hall do cinema sozinha, viajando sozinha, comendo sozinha num restaurante. Nunca deixei de fazer nada na vida por não ter companhia. Nada mesmo. A única coisa chata é o olhar de piedade que as pessoas te lançam. “Coitada”. O que elas não sabem é que ali pode estar alguém que é dona do próprio nariz, que só faz o que quer, na hora que quer, do jeito que quer. Isso tem preço? Muitas vezes sou eu quem passa mal ao ver os casais ao redor. Duas alianças cercadas por uma úlcera.
Eu tenho muitas amigas casadíssimas que dariam tudo pra levar a vida que eu levo: livre, barriguda e feliz, mas morrem de medo da solidão.
Batalhei muito até aprender a não colocar meu bem-estar na dependência de um possível companheiro e isso fez de mim uma pessoa melhor. A ansiedade diminuiu, eu parei de sufocar as pessoas e (pasmem) meus amigos aumentaram em gênero, número e qualidade.
Claro que ninguém planeja ficar sozinho. Acontece. E é ótimo quando não se sofre por isso. A solidão é uma roupa pra lá de confortável se você veste sem medo.
Há um tempo atrás, minha filha foi morar com um rapaz. Em casa, ficamos só eu e a Princesa, minha cachorrinha. No começo estranhei o silêncio, o telefone desocupado, o orçamento doméstico visivelmente deflacionado. Me lambuzei do mel que eu nunca tinha provado. Mas os casamentos duram pouco hoje em dia. Depois de um ano e meio, eis que ela volta de mala e cuia. Hoje nós moramos juntas de novo, e assim será até que ela arranje um emprego que lhe permita cuidar da própria vida (está desempregada, a pobre), ou um marido que a faça feliz. Sim, porque o sonho da minha filha é casar e ser feliz para sempre. Quando isto acontecer, eu ficarei ainda mais só: a Princesa morreu na semana passada.
Eu sou destas mulheres que você já cansou de ver por aí no hall do cinema sozinha, viajando sozinha, comendo sozinha num restaurante. Nunca deixei de fazer nada na vida por não ter companhia. Nada mesmo. A única coisa chata é o olhar de piedade que as pessoas te lançam. “Coitada”. O que elas não sabem é que ali pode estar alguém que é dona do próprio nariz, que só faz o que quer, na hora que quer, do jeito que quer. Isso tem preço? Muitas vezes sou eu quem passa mal ao ver os casais ao redor. Duas alianças cercadas por uma úlcera.
Eu tenho muitas amigas casadíssimas que dariam tudo pra levar a vida que eu levo: livre, barriguda e feliz, mas morrem de medo da solidão.
Batalhei muito até aprender a não colocar meu bem-estar na dependência de um possível companheiro e isso fez de mim uma pessoa melhor. A ansiedade diminuiu, eu parei de sufocar as pessoas e (pasmem) meus amigos aumentaram em gênero, número e qualidade.
Claro que ninguém planeja ficar sozinho. Acontece. E é ótimo quando não se sofre por isso. A solidão é uma roupa pra lá de confortável se você veste sem medo.
Há um tempo atrás, minha filha foi morar com um rapaz. Em casa, ficamos só eu e a Princesa, minha cachorrinha. No começo estranhei o silêncio, o telefone desocupado, o orçamento doméstico visivelmente deflacionado. Me lambuzei do mel que eu nunca tinha provado. Mas os casamentos duram pouco hoje em dia. Depois de um ano e meio, eis que ela volta de mala e cuia. Hoje nós moramos juntas de novo, e assim será até que ela arranje um emprego que lhe permita cuidar da própria vida (está desempregada, a pobre), ou um marido que a faça feliz. Sim, porque o sonho da minha filha é casar e ser feliz para sempre. Quando isto acontecer, eu ficarei ainda mais só: a Princesa morreu na semana passada.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Frágil
Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Pretty Often
I felt like crying but nothing came out. it was just a sort of sad sickness, sick sad, when you can’t feel any worse. I think you know it. I think everybody knows it now and then. but I think I have known it pretty often, too often.
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